04/08/2019

Amrita Bindu Upanishad

|| अमृतबिन्दु उपनिषद् || - Amṛta Bindu Upanishad - "A gota do néctar da imortalidade"


A Amṛtabindu Upanishad (अमृतबिन्दु उपनिषद्) é uma das menores Upanishads do hinduísmo. É uma das cinco Bindu Upanishads, ligadas ao Atharvaveda, e uma das vinte Upanishads do Yoga de todos os Vedas. O texto se distingue por apresentar um sistema de Yoga de seis membros que combina cinco angas dos Yogasutras de Patanjali com um sexto (tarka), único e diferente.
O termo amṛtabindu significa "uma gota de néctar", enquanto upanishad simboliza "sentar-se ao pé". Assim, os ensinamentos do amṛtabindu upaniṣad são uma gota de néctar para aqueles que buscam um conhecimento mais profundo do yoga.
Paul Deussen afirma que o título tem dois significados, sendo o primeiro "a doutrina esotérica de um bindu (ponto) ou nada (reverberação) da palavra Om que significa Brahman", enquanto o segundo significado é uma gota que concede a imortalidade.
A discussão do Om ao longo do texto, Deussen sugere que o primeiro significado pode ser mais apropriado. É uma das cinco Upanishads cujo título tem o sufixo "bindu" que significa "gota", enquanto "amrita" representa o néctar da imortalidade como a ambrosia da cultura grega, mas aqui sua ênfase real está na mente. Amritabindu Upanishad, também significa "Ponto Imortal", e diferencia entre recitação vocal da sílaba Om e sua mentalização.
Mircea Eliade afirma que a Amritabindu Upanishad foi possivelmente composta no mesmo período que as partes didáticas do Mahabharata, das principais Sannyasa Upanishads e junto com outras primeiras Upanishades do Yoga: Brahmabindu (provavelmente composta na mesma época que a Maitri Upanishad), Ksurika, Tejobindu, Brahmavidya, Nadabindu, Yogashikha, Dhyanabindu e Yogatattva Upanishad. Por sugestão de Eliade ela deve ser datada entre os séculos finais AC ou nos primeiros séculos DC.
Paul Deussen afirma que este texto deve ter precedido os Yoga sutras de Patanjali, porque lista seis em vez de oito membros para o yoga, e ambas a Maitri Upanishad na seção 6.18 e a Amritabindu colocam Dharana depois de Dhyana, uma sequência inversa da encontrada nos Yogasutras e nos textos posteriores do Yoga. Tanto a Maitri quanto a Amritabindu, acrescenta Deussen, incluem o conceito de Tarka em seus versos, o que pode ser importante para sua relativa datação.
O texto começa com uma introdução que consiste em quatro versos, seguidos por quatro seções, das quais três discutem a prática, regras e recompensas do yoga, seguidas de um discurso sobre a energia vital (prana, respiração). O texto termina com um resumo.

 अमृतबिन्दु उपनिषद् || Amṛtabindu Upanishad || "A Upanishad da Gota do Néctar da Imortalidade"

ॐ भद्रं कर्णेभिः शृणुयाम देवाः भद्रं पश्येमाक्षभिर्यजत्राः। स्थिरैरङ्गैस्तुष्टु वाग्ंसस्तनूभिः व्यशेम देवहितं यदायुः॥ स्वस्ति न इन्द्रो वृद्धश्रवाः स्वस्ति नः पूषा विश्ववेदाः। स्वस्ति नस्तार्क्ष्यो अरिष्टनेमिः स्वस्ति नो बृहस्पतिर्दधातु॥
ॐ शान्तिः! शान्तिः!! शान्तिः!!!
om bhadraṁ karṇebhiḥ śṛṇuyāma devāḥ bhadraṁ paśyema akṣabhir-yajatrāḥ / sthirairaṅgais-tuṣṭu-vāgṁsastanūbhiḥ vyaśema devahitaṁ yadāyuḥ || svasti na indro vṛddhaśravāḥ svasti naḥ pūṣā viśvavedāḥ | svasti nastārkṣyo ariṣṭanemiḥ svasti no bṛhaspatir-dadhātu ||
om śāntiḥ! śāntiḥ!! śāntiḥ!!!
ॐ [om]* कर्णेभिः [karṇebhiḥ] com os ouvidos* शृणुयाम [śṛṇuyāma] possamos ouvir* भद्रम् [bhadraṁ] auspicioso* पश्येम [paśyema] possamos ver* अक्षभिः [akṣabhir] com olhos* भद्रम् [bhadraṁ] auspicioso* यजत्राः [yajatrāḥ] Ó adoráveis​​* अङ्गैः [aṅgaiḥ] com os membros* स्थिरैः [sthiraiḥ] com saúde e firmeza* तुष्टुवां सः [tuṣṭuvāṃ saḥ] que vivamos oferecendo nossos louvores (a Ti)* तनूभिः [tanūbhiḥ] pelo corpo* व्यशेम [vyaśema] podemos viver* देवहितम् [devahitaṁ] para o benefício de Deus* यदायुः [yadāyuḥ] uma vida longa* स्वस्ति [svasti] bênçãos* नः [naḥ] para nós* इन्द्रः [indraḥ] Indra* वृद्धश्रवाः [vṛddhaśravāḥ] antigo e famoso* स्वस्ति [svasti] bênçãos* नः [naḥ] para nós* पूषा [pusa] sol* विश्ववेदाः [viśvavedāḥ] o onisciente* स्वस्ति [svasti] bênçãos* नः [naḥ] para nós* तार्क्ष्यः [tārkṣyaḥ] Garuḍa* अरिष्टनेमिः [ariṣṭanemiḥ] remova nossos obstáculos* स्वस्ति [svasti] bênçãos* नः [naḥ] para nós* बृहस्पतिः [bṛhaspatiḥ] senhor da devoção* दधातु [dadhātu] pode (Ele) dar*
ॐ [om]* शान्तिः [śāntiḥ] paz seja * शान्तिः [śāntiḥ] paz seja * शान्तिः [śāntiḥ] paz seja *
Oh! Deuses, que pelos ouvidos, possamos ouvir o que é auspicioso; pelos olhos, possamos ver o que é auspicioso; Oh! Veneráveis, com membros fortes e saudáveis, possamos viver oferecendo nossos louvores (a Ti). Para o benefício dos deuses, podemos ter uma vida plena e longa. Que o antigo e famoso Indra nos dê bênçãos. Que o sol onisciente nos dê bênçãos. Que Garuḍa, remova nossos obstáculos, e nos abençoe. Que Bṛhaspati (o senhor da devoção) nos dê bênçãos. Que haja paz, paz e paz!
1- मनो हि द्विविधं प्रोक्तं शुद्धं चाशुद्धमेव च। अशुद्धं कामसङ्कल्पं शुद्धं कामविवर्जितम्॥ १॥
mano hi dvividhaṁ proktaṁ śuddhaṁ cāśuddham-eva ca, aśuddhaṁ kāmasaṅkalpaṁ śuddhaṁ kāmavivarjitam ॥1॥
प्रोक्तम् [proktaṁ] diz-se* मनः [mano] que a mente* हि [hi] de fato* द्विविधम् [dvividhaṁ] é dois tipos* एव [eva] apenas* शुद्धम् [śuddhaṁ] puro* कामविवर्जितम् [kāmavivarjitam] desprovida de desejos* च [ca] e* अशुद्धम् [aśuddhaṁ] impura* कामसङ्कल्पम् [kāmasaṅkalpaṁ] com pensamentos de desejos* 
1. Diz-se que a mente, na verdade, é de dois tipos apenas, impura com pensamentos de desejos e pura, desprovido de desejos.
2- मन एव मनुष्याणां कारणं बन्धमोक्षयोः। बन्धाय विषयासक्तं मुक्तं निर्विषयं स्मृतम्॥२॥
mana eva manuṣyāṇāṁ kāraṇaṁ bandhamokṣayoḥ | bandhāya viṣayāsaktaṁ muktaṁ nirviṣayaṁ smṛtam ॥2॥
मनः [mana] a mente* एव [eva] sozinha* कारणम् [kāraṇaṁ] é a causa* बन्धमोक्षयोः [bandhamokṣayoḥ] da escravidão e da libertação* मनुष्याणाम् [manuṣyāṇāṁ] dos seres humanos* विषयासक्तम् [viṣayāsaktaṁ] (a mente) ligada a objetos dos sentidos* य्धाय [bandhāya] (é a causa) da escravidão * निर्विषयम् [nirviṣayaṁ] mas desprovida de desejos por objetos * स्मृतम् [smṛtam] é considerada * मुक्तम् [muktaṁ] livre *
2- Mente, por si só, é a causa da escravidão e liberdade para os seres humanos. A mente ligada aos objetos dos sentidos é (a causa da) escravidão, mas desprovida de desejo por objetos é considerada livre.
3- यतो निर्विषयस्यास्य मनसो मुक्तिरिष्यते। अतो निर्विषयं नित्यं मनः कार्यं मुमुक्षुणा॥३॥
yato nirviṣayasyāsya manaso muktiriṣyate / ato nirviṣayaṁ manaḥ kāryaṁ mumukṣuṇā || 3||
यतः [yataḥ] desde que* निर्विषयस्य-अस्य [nirviṣyasya-asya] for livre dos objetos dos sentidos* मनसः [manasaḥ] sua mente* इष्यते [iṣyate] torna-se* मुक्तिः [muktiḥ] livre* अतः [ataḥ] portanto* मुमुक्षुणा [mumukṣuṇā] o buscador da libertação* कार्यम् [kāryaṁ] deve praticar* नित्यम् [nityaṁ] o tempo todo* निर्विषयम् [nirviṣayaṁ] para libertar dos objetos dos sentidos* मनः [manaḥ] sua mente* 
3- A mente, livre do desejo pelos objetos dos sentidos, torna-se livre. Portanto, um buscador de libertação deve praticar constantemente para livrar sua mente dos objetos dos sentidos.
4 / 5- निरस्त विषयासङ्गं सन्निरुद्धं मनो हृदि। यदाऽऽयात्यात्मनो भावं तदा तत्परमं पदम्॥४॥
तावदेव निरोद्धव्यं यावत् हृदि गतं क्षयम्। एतज्ज्ञानं च ध्यानं च शेषो न्यायश्च विस्तरः॥५॥
nirasta viṣayāsaṅgaṁ sanniruddhaṁ mano hṛdi / yadā āyāti ātmano bhāvaṁ tadā tatparamaṁ padam ॥4॥
tāvad-eva niroddhavyaṁ yāvat hṛdi gataṁ kṣayam / etajjñānaṁ ca dhyānaṁ ca śeṣo nyāyaśca vistaraḥ ॥5॥ 
तरस्त [nirasta] tendo renunciado* विषयासङ्गम् [viṣayāsaṅgaṁ] o apego aos objetos sensoriais* मनः [manaḥ] a mente* सन्निरुद्धम् [sanniruddhaṁ] bem controlada* हृदि [hṛdi] no coração* यदा [yadā] quando* तिाति [āyāti] (ele) obtém* भावम् [bhāvaṁ] a natureza* आत्मनः [ātmanaḥ] do Self* तदा [tadā] então* तत् [tat] (ele atinge) a* परमं पदम् [paramaṁ padam] morada suprema* निरोद्धव्यम् [niroddhavyaṁ] (a mente pode ser) contida* एव [eva] somente* तावत् [tāvat] enquanto गतं क्षयम् [gataṁ kṣayam] dissolvida* हृदि [hṛdi] no coração* यावत् [yāvat] assim por muito tempo* एतत् [etat] isso* ज्ञानम् [jñānaṁ] é conhecimento* च [ca] e* ध्यानम् [dhyānaṁ] meditação; च [ca] e* शेषः [Śeṣaḥ] o resto* न्यायः [nyāyaḥ] é lógica* च [ca] e* विस्तरः [vistaraḥ] elaboração*
4 / 5- Tendo se livrado do apego aos objetos dos sentidos, quando a mente está bem controlada no coração, ela alcança a natureza do Self - a suprema morada. A mente pode ser contida somente enquanto estiver dissolvida no coração. Isso é conhecimento e meditação; o resto é (mera) lógica e elaboração (verbal).
6- नैव चिन्त्यं न चाचिन्त्यं न चिन्त्यं चिन्त्यमेव तत्। पक्षपातविनिर्मुक्तं ब्रह्म संपद्यते तदा॥६॥
naiva cintyaṁ na cācintyaṁ na cintyaṁ cintyam-eva tat / pakṣapāta-vinirmuktaṁ brahma sampadyate tadā ॥6॥
न- एव [na eva] nem* चिन्त्यं [cintyaṁ] cognoscível* न [na] nem* चाचिन्त्यं [cācintyaṁ] incognoscível* न [na] não* चिन्त्यं [cintyaṁ] incognoscível* चिन्त्यम्-एव [cintyam-eva] mas cognoscível* तदा [tadā] então* तत् [tat] aquele* पक्षपात-विनिर्मुक्तं [pakṣapāta-vinirmuktaṁ] que é isento de subjetividade* सम्पद्यते [sampadyate] atinge, compreende* ब्रह्म [brahma] Brahma* 
6- Nem cognoscível nem incognoscível, não é cognoscível, entretanto é cognoscível. Então, aquele que é isento de subjetividade compreende Brahman (o absoluto).
7- स्वरेण संधयेद्योगमस्वरं भावयेत्परम्‌ । अस्वरेणानुभावेन नाभावो भाव इष्यते॥ ७॥
svareṇa saṁdhayet yogam asvaraṁ bhāvayetparam | asvareṇānubhāvena nābhāvo bhāva iṣyate || 7||
स्वरेण [svareṇa] pelo som* संधयेत् [saṁdhayet] é estabelecida* योगम् [yogam] união* भावयेत्परम् [bhāvayetparam] deve-se meditar no supremo* अस्वरं [asvaraṁ] além do som* अस्वरेणानुभावेन [asvareṇānubhāvena] meditando naquilo que está além do som* नाभावः [nābhāvaḥ] não existência* इष्यते [iṣyate] torna-se* भावः [bhāvaḥ] existência* 
7- A união (samadhi) deve ser estabelecida concentrando-se (nas sílabas) do som (Om). Então, deve-se meditar sobre aquilo que está além do som. Ao meditar naquilo que está além do som, a não-existência (aparência ilusória do mundo) torna-se existência (como realidade).
8- तदेव निष्कलं ब्रह्म निर्विकल्पं निरञ्जनम् । तत् ब्रह्माहमिति ज्ञात्वा ब्रह्म संपद्यते ध्रुवम्॥ ८॥
tadeva niṣkalaṁ brahma nirvikalpaṁ nirañjanam / tat brahma aham iti jñātvā brahma sampadyate dhruvam ॥ 8॥
एव [eva] somente* तत् [tat] aquele* ब्रह्म [brahma] é Brahman* निर्विकल्पम् [nirvikalpaṁ] imutável* निष्कलम् [niṣkalaṁ] indiviso* निरञ्जनम् [nirañjanam] puro* ज्ञात्वा [jñātvā] ciente* तत् [tat] que* ब्रह्म [brahma] Brahman* अहम् [aham] sou eu* इति [iti] thus* संपद्यते [sampadyate] alcança-se* ध्रुवम् [dhruvam] eternal* ब्रह्म [brahma] Brahman* 
8- Somente aquele que é imutável, indiviso e puro é Brahman. Ciente que "Brahman sou eu", alcança-se o eterno Brahman.
9- निर्विकल्पमनन्तं च हेतुदृष्टान्तवर्जितम् । अप्रमेयमनादिं च यज्ज्ञात्वा मुच्यते बुधः॥९॥
nirvikalpam-anantaṁ ca hetudṛṣṭānta varjitam / aprameyam-anādiṁ ca yat jñātvā mucyate budhaḥ ॥9॥
निर्विकल्पम् [nirvikalpam] imutável* च [ca] e* अनन्तम् [anantaṁ] infinito* अनादिम् [anādiṁ] eterno* अप्रमेयम् [aprameyam] insondável* च [ca] e* हेतुदृष्टान्त-वर्जितम् [hetudṛṣṭānta varjitam] além da reflexão lógica* यत् [yat] aquele que* ज्ञात्वा [jñātvā] conhece* बुधः [budhaḥ] é sábio* मुच्यते [mucyate] e liberado*
9- (Brahman é) imutável, sem início e sem fim, insondável e inatingível pela reflexão lógica. Quem conhece (Brahman), é sábio e liberado.  
10- न निरोधो न चोत्पत्तिः न बद्धो न च साधकः। न मुमुक्षुर्न वै मुक्तः इत्येषा परमार्थता॥१०॥
na nirodho na ca utpattiḥ na baddho na ca sādhakaḥ / na mumukṣuḥ na vai muktaḥ iti eṣā paramārthatā ॥10॥
न [na] não há* निरोधः [nirodho] dissolução* न-च [na-ca] nem* उत्पत्तिः [utpattiḥ] criação* न [na] não há* बद्धः [baddhaḥ] ligado, acorrentado* न-च [na-ca] nem* मुमुक्षुः [mumukṣuḥ] buscador da liberação* न [na] não há* साधकः [sādhakaḥ] praticante* इति [iti] assim* न [na] nem* वै [vai] na verdade* मुक्तः [muktaḥ] liberado* एषा [eṣā] isto é* परमार्थता [paramārthatā] a suprema verdade*
10- Não há dissolução nem criação, não há aprisionado nem quem busca a liberdade, nem praticante, na verdade, nem o liberto. Essa é a suprema verdade.
11- एक एवात्मा मन्तव्यो जाग्रत्स्वप्नसुषुप्तिषु। स्थानत्रयव्यतीतस्य पुनर्जन्म न विद्यते॥११॥
eka eva ātmā mantavyo jāgrat-svapna-suṣuptiṣu / sthānatraya-vyatītasya punarjanma na vidyate ॥11॥
आत्मा [ātmā] Self* मन्तव्यः [mantavyo] deve ser tratado* एक [eka] um* एव [eva] só* जाग्रत्-स्वप्न-सुषुप्तिषु [jāgrat-svapna-suṣuptiṣu] nos estados de vigília, sono e sono profundo* न [na] não* विद्यते [vidyate] há* पुनर्जन्मः [punarjanma] renascimento* स्थानत्रय व्यतीतस्य [sthānatraya-vyatītasya] para aquele que ultrapassou esses estados* 
11- O Self (ātmā) deve ser considerado como único nos estados de vigília, sono e sono profundo. Não há renascimento para aquele que ultrapassou esses estados.
12- एक एव हि भूतात्मा भूते भूते व्यवस्थितः । एकधा बहुधा चैव दृश्यते जलचन्द्रवत्॥१२॥
eka eva hi bhūtātmā bhūte bhūte vyavasthitaḥ / ekadhā bahudhā caiva dṛśyate jalacandravat ॥12॥
भूतात्मा [bhūtātmā] o elemento Self* व्यवस्थितः [vyavasthitaḥ] que reside* भूते भूते [bhūte bhūte] em cada ser* हि [hi] realmente* एक [eka] é um* एव [eva] só* च-एव [caiva] e* दृश्यते [dṛśyate] é visto* एकधा [ekadhā] como uno* बहुधा [bahudhā] e múltiplo* जलचन्द्रवत् [jalacandravat] como a lua refletida na água*
12- O Self que reside em todos os seres é apenas um. É visto como um ou vários assim como é o reflexo da lua na água.
13 / 14- घटसंवृतमाकाशं नीयमाने घटे यथा। घटो नीयेत नाकाशः तथा जीवो नभोपमः॥१३॥
घटवत् विविधाकारं भिद्यमानं पुनः पुनः। तत् भग्नं न च जानाति स जानाति च नित्यशः॥१४॥
ghaṭaḥ saṁvṛtam-ākāśaṁ nīyamāne ghaṭe yathā / ghaṭaḥ nīyeta nākāśaḥ tathā jīvaḥ nabhopamaḥ ॥13॥
ghaṭavat vividhākāraṁ bhidyamānaṁ punaḥ punaḥ / tat bhagnaṁ na ca jānāti saḥ jānāti ca nityaśaḥ ॥14॥
यथा [yathā] assim como* आकाशम् [ākāśaṁ] o espaço* संवृतम् [saṃvṛtam] encerrado* घटः [ghaṭaḥ] em um pote (não muda de lugar)* नीयमाने घटे [nīyamāne ghaṭe] quando se move o pote* तथा [tathā] do mesmo modo* जीवः [jīvaḥ] é o jīva* नभोपमः [nabhopamaḥ] quando comparado com o espaço* घटः [ghaṭaḥ] o pote नीयेत [nīyeta] é movido* न आकाशः [na ākāśaḥ] mas o espaço não* घटवत्          | [ghaṭavat] como um pote (quebrado)* विविध आकारम् [vividha ākāraṁ] (jīva) assume diversas formas* भिद्यमानम् [bhidyamānaṁ] que se dissipam* पुनः पुनः [punaḥ punaḥ] repetidamente* च [ca] e* तत्भग्नम् [tat bhagnaṁ] quando ele é quebrado* न [na] não* जानाति [jānāti] é conhecido* च [ca] e (no entanto)* सः [saḥ] Ele* नित्यशः [nityaśaḥ] sempre* जानाति [jānāti] sabe* 
13 / 14- Assim como o akasha (espaço) encerrado em um pote (não muda de lugar) quando se move o pote, assim é o jīva que se assemelha ao ākāśa, o pote é movido mas o espaço não. Como um pote (quebrado), o (jīva) assume diversas formas que se desintegram continuamente. Quando (pote) se quebra ele não sabe, mas Ele sempre sabe.
15- शब्दमायावृतो नैव तमसा याति पुष्करे। भिन्ने तमसि चैकत्वमेक एवानुपश्यति॥१५॥
śabdamāyāvṛtaḥ naiva tamasā yāti puṣkare / bhinne tamasi ca ekatvam-eka evānupaśyati ॥15॥
तमसि [tamasi] na escuridão* शब्दमायावृतः [śabdamāyāvṛtaḥ] enganado pela ilusão da palavra (som)* न एव [naiva] nem* याति [yāti] se move* पुष्करे [puṣkare] no espaço (cit)* च [ca] e; तमसा [tamasā] (quando) a escuridão* भिन्ने [bhinne] é destruída, acaba* एव अनुपश्यति [evānupaśyati] ele contempla apenas* एक [eka] o um* एकत्वम् [ekatvam] a unidade* 
15. Na escuridão, sendo enganado pela ilusão da palavra, ele se perde no espaço (consciência). Quando a escuridão acaba ele contempla apenas a Unidade.
16- शब्दाक्षरं परं ब्रह्म तस्मिन्क्षीणे यदक्षरम्। तद्विद्वानक्षरं ध्यायेत् यदि इच्छेत् शान्तिमात्मनः॥१६॥
śabdākṣaraṁ paraṁ brahma tasmin-kṣīṇe yadakṣaram / tadvidvān-akṣaraṁ dhyāyet yadi icchet śāntim-ātmanaḥ ॥16॥
अक्षरम् [akṣaraṁ] a palavra* शब्दः [śabdaḥ] som (Om)* परम् [paraṁ] é o Supremo* ब्रह्म [brahma] Brahman* तस्मिन् [tasmin] quando * अक्षरम् [akṣaram] a palavra* क्षीणे [kṣīṇe] desaparece (Brahman se revela)* यदि [yadi] se* तत् [tat] o* विद्वान् [vidvān] sábio* इच्छेत् [icchet] deseja* शान्तिम् [śāntim] paz* आत्मनः [ātmanaḥ] do Self* ध्यायेत् [dhyāyet] deve meditar* यत् [yat] sobre* अक्षरम् [akṣaraṁ] o pranava* 
16. O som da palavra Om é o Supremo Brahman. Quando a palavra desaparece (Brahman se revela). Se o sábio deseja paz interior deve meditar na palavra om.
17- द्वे विद्ये वेदितव्ये तु शब्दब्रह्म परं च यत्। शब्दब्रह्मणि निष्णातः परं ब्रह्माधिगच्छति॥१७॥
dve vidye veditavye tu śabdabrahma paraṁ ca yat / śabda brahmaṇi niṣṇātaḥ paraṁ brahma adhigacchati ॥17॥
द्वे [dve] as duas* विद्ये [vidye] formas de saber* वेदितव्ये [veditavye] que devem ser conhecidas* तु [tu] realmente são o* शब्दब्रह्म [śabdabrahma] Brahman sonoro (Om)* परम् [paraṁ] e o Supremo (Brahman)* च यत् [ca yat] quem* निष्णातः [niṣṇātaḥ] domina* शब्दब्रह्मणि [śabdabrahmaṇi] Brahman sonoro* अधिगच्छति [adhigacchati] conquista* परम् [paraṁ] o Supremo* ब्रह्म [brahma] Brahman*
17- Dois saberes devem ser conhecidos - Brahman sonoro (Om) e o Supremo Brahman. Quem domina śabdabrahma conquista o Supremo Brahman.
18- ग्रन्थमभ्यस्य मेधावी ज्ञानविज्ञानतत्परः। पलालमिव धान्यार्थी त्यजेत् ग्रन्थमशेषतः॥१८॥
grantham-abhyasya medhāvī jñāna-vijñāna-tatparaḥ / palālam-iva dhānyārthī tyajet grantham-aśeṣataḥ ॥18॥
मेधावी [medhāvī] Um estudante inteligente* ग्रन्थम् अभ्यस्य [grantham-abhyasya] querendo estudar as escrituras* ज्ञानविज्ञानतत्परः [jñāna-vijñāna-tatparaḥ] com a intensão de obter conhecimento e sabedoria* त्यजेत् [tyajet] deve descartar* ग्रन्थम् अशेषतः [grantham-aśeṣataḥ] todas as escrituras* इव [iva] assim como* धान्यार्थी [dhānyārthī] quem quer arroz* पलालम् [palālam] descarta a casca* 
18- Um estudante inteligente querendo estudar as escrituras, com a intenção de obter conhecimento e sabedoria (alcançando o absoluto) deve descartar todas as escrituras, assim como quem quer arroz descarta a casca.
19- गवामनेकवर्णानां क्षीरस्याप्येकवर्णता। क्षीरवत्पश्यते ज्ञानं लिङ्गिनस्तु गवां यथा॥१९॥
gavām-aneka-varṇānāṁ kṣīrasyāpyeka-varṇatā / kṣīravat-paśyate jñānaṁ liṅginastu gavāṁ yathā ॥19॥
अपि [api] enquanto* गवाम् [gavām] as vacas* अनेकवर्णानाम् [aneka-varṇānāṁ] de várias cores* क्षीरस्य [kṣīrasya] dão leite* एकवर्णता [eka-varṇatā] leite de única cor* पश्यते [paśyate] (o sábio) vê* ज्ञानम् [jñānaṁ] o conhecimento* तु [tu] de fato* क्षीरवत् [kṣīravat] como leite* यथा [yathā] enquanto* लिङ्गिनः [liṅginastu] 'opiniões' (escrituras)* गवाम् [gavāṁ] como vacas* 
19. Vacas de várias cores dão leite de uma única cor. O sábio vê o conhecimento como leite, e as diversas opiniões (escrituras) como vacas.
20 / 21- घृतमिव पयसि निगूढं भूते भूते वसति विज्ञानम्। सततं मन्थयितव्यं मनसा मन्थानभूतेन॥२०॥
ज्ञाननेत्रं समादाय उद्धरेत् वह्निवत्परम्। निष्कलं निश्चलं शान्तं तद्ब्रह्माहमिति स्मृतम्॥२१॥
ghṛtamiva payasi nigūḍhaṁ bhūte bhūte vasati vijñānam / satataṁ manthayitavyaṁ manasā manthānabhūtena ॥20॥
jñānanetraṁ samādāya uddharet vahnivatparam / niṣkalaṁ niścalaṁ śāntaṁ tadbrahmāhamiti smṛtam ॥21॥
इव [iva] assim como* घृृतम् [ghṛtam] a manteiga* निगूढम् [nigūḍhaṁ] está oculta* पयसि [payasi] no leite* विज्ञानम् [vijñānam] a consciência* वसति [vasati] reside* भूते भूते [bhūte bhūte] em cada ser* मनसा [manasā] (usando) a mente* मन्थानभूतेन [manthānabhūtena] como instrumento de agitação* मन्थयितव्यम् [manthayitavyaṁ] deve-se agitar* सततम् [satataṁ] constantemente (para extrair esse conhecimento)* // समादाय [samādāya] tomando* ज्ञाननेत्रम् [jñānanetraṁ] uma corda de conhecimento (para friccionar a mente)* उद्धरेत् [uddharet] deve-se extrair* परम् [param] o Supremo (Brahman)* वह्निवत् [vahnivat] como fogo (que é extraído da madeira por fricção)* इति [iti] assim* स्मृतम् [smṛtam] concebe-se* अहम् [aham] Eu sou* तत् [tat] aquele* ब्रह्म [brahma] Brahman* निष्कलम् [niṣkalaṁ] indivisível* निश्चलम् [niścalaṁ] imutável* शान्तम् [śāntaṁ] e impassível* 
20 / 21- Assim como a manteiga está oculta no leite, a consciência reside em cada ser. Usando a mente como instrumento de agitação, deve-se agitá-la constantemente para extrair esse conhecimento. Tomando uma corda de conhecimento (para friccionar a mente), deve-se extrair o Supremo (Brahman) como fogo (que é extraído da madeira por fricção). Assim concebe-se: "Eu sou aquele Brahman, indivisível, imutável e impassível". 
22- सर्वभूताधिवासं यत् भूतेषु च वसत्यपि। सर्वानुग्राहकत्वेन तदस्म्यहं वासुदेवः | तदस्म्यहं वासुदेव इति॥२२॥
sarvabhūta adhivāsaṁ yat bhūteṣu ca vasati api / sarva anugrāhakatvena tat asmi ahaṁ vāsudevaḥ / tat asmi ahaṁ vāsudeva iti ॥22॥
यत् [yat] (Eu sou) aquele que* सर्वभूत अधिवासम् [sarvabhūta adhivāsaṁ] é a morada de todos os seres* च अपि [ca api] e também* वसति [vasati] quem vive* अनुग्राहकत्वेन [anugrāhakatvena] favorecendo* सर्व [sarva] a todos* भूतेषु [bhūteṣu] os seres* इति [iti] assim* अस्मि अहम् [asmi ahaṁ] Eu sou* तत् [tat] that* वासुदेवः [vāsudevaḥ] vāsudeva* अस्मि अहम् [asmi ahaṁ] Eu sou* तत् [tat] que* वासुदेवः [vāsudeva] vāsudeva* 
22- Eu Sou Aquele que é a morada de todos os seres e também quem vive favorecendo a todos os seres. Eu sou Vāsudeva, Eu sou Vāsudeva.

Oh! Deuses, que pelos ouvidos, possamos ouvir o que é auspicioso; pelos olhos, possamos ver o que é auspicioso; Oh! Veneráveis, com membros fortes e saudáveis, possamos viver oferecendo nossos louvores (a Ti). Para o benefício dos deuses, podemos ter uma vida plena e longa. Que o antigo e famoso Indra nos dê bênçãos. Que o sol onisciente nos dê bênçãos. Que Garuḍa, remova nossos obstáculos, e nos abençoe. Que Bṛhaspati (o senhor da devoção) nos dê bênçãos. Que haja paz, paz e paz!

Aqui termina a Amritabindupanishad, contida no Krishna-Yajur-Veda.


Links


Nenhum comentário: