13/10/2008

Shivaísmo


Shivaísmo



        O Shivaísmo (ou Xivaísmo) é uma das principais tradições do hinduísmo que reconhece Shiva como a suprema divindade, cultuado como imanente e transcendente. Shiva (śiva) significa literalmente gentil, amigável, gracioso ou auspicioso. A palavra śaiva ou shaiva (shivaísta) significa "relacionado ao deus Shiva", enquanto 'Shivaísmo' se refere às crenças, práticas, história, literatura e sub-tradições relacionadas.
        O Shivaísmo é uma tradição muito profunda, devocional e mística no hinduísmo. É considerada a mais antiga das tradições hindus com uma longa sucessão de sábios e santos que desenvolveram práticas e formas de auto-realização com o objetivo final: obter 'moksha' ou auto-realização (libertação). Como uma religião ampla, o Shivaísmo inclui sistemas filosóficos (nas formas monista e dualista), rituais devocionais, lendas, misticismo e todos os tipos de práticas de yoga.
        Os Shivaístas acreditam que Deus transcende a forma. Os devotos podem adorá-lo na forma de um lingam, que simboliza a criação ou o universo. Shiva também é adorado no shaivismo como o Senhor da Dança - Nataraja, que geralmente é retratado por um yogin dançarino tandava.

Origem e história
        O Shivaísmo apresenta muitas sub-tradições, desde a dualista Shaiva Siddhanta, ao monismo do Shaivismo da Caxemira; Considera os Agamas, e, também, os Vedas seus os principais textos sagrados. 
Selo Pāśupati
        A hipótese da origem védica do Shivaísmo está em debate, pois, o termo Shiva é usado, apenas, como um epíteto (auspicioso) para Rudra no Rig Veda, e não se conhece evidências mais significativas. O antigo Svetashvatara Upanishad (séc. I AC) menciona termos como Rudra, Shiva e Maheshwaram: "Os versos do quarto capítulo usam o adjetivo Shiva (gentil, benigno, abençoado) como uma designação para Rudra (uma divindade védica feroz, destrutiva e exterminadora). Esse tipo de manifestação benevolente ao poder inato de Rudra evoluiu posteriormente para Shiva nas escrituras do hinduísmo".
        Contrapondo-se a essa visão, outra corrente defende a hipótese da origem pré-védica do Shivaísmo, reforçada pela descoberta em Mohenjo-daro (Civilização do Vale do Indo) de um selo que mostra uma figura sentada em postura de yoga, cercada de animais que sugere a divindade Shiva em meditação, chamado de "selo de Pashupati". Provavelmente, o shivaísmo foi assimilado à religião védica lentamente, pela união de diversas tribos que falavam diferentes línguas e praticavam diferentes tradições religiosas; Um culto ancestral, uma espécie de proto-shivaísmo.
        Tanto o Shivaísmo devocional como o monista tornaram-se populares no primeiro milênio DC, tornando-se rapidamente a tradição religiosa dominante de muitos reinos hindus. Chegou ao sudeste da Ásia pouco tempo depois. Na era contemporânea, o Shivaísmo é um dos principais aspectos do hinduísmo. 

Lakulisha
        "A mais antiga das escolas do Shivaísmo, a Pāśupata, foi sistematizada por Lakulīśa (séc. II DC)". Alain Daniélou afirma que Lakulisha era um ajivaka, que restaurou o Shivaísmo, restabeleceu os cultos das civilizações pré arianas do vale do indus; uniu as diferentes seitas Shivaístas que sobreviveram secretamente por séculos sob o nome de Pashupatas (seguidores de Pashupati, o Senhor dos Animais).
        De acordo com Gavin Flood, "a formação das tradições shivaístas como as entendemos começa a ocorrer durante o período de 200 AC a 100 DC". De acordo com Chakravarti, Shiva ganhou destaque quando foi identificado com Purusha, Rudra, Agni, Indra, Prajapati, Vāyu, entre outros. Patanjali (Séc. II AC) ao comentar a gramática de Panini em seu Mahābhāṣya, menciona o termo Shiva-bhagavata, e afirma que esse termo se refere a um devoto vestido com peles de animais, carregando um ayah sulikah (tridente) como um ícone representando seu deus.
       As inscrições encontradas na região do Himalaia, como as do vale de Katmandu, no Nepal, sugerem que o Shaivismo (particularmente o monismo Pashupatas) foi estabelecido nesta região durante o reinado Mauryan e Gupta. Essas inscrições foram datadas por técnicas modernas entre 466 e 645 DC. 
        Durante a Dinastia Gupta (c. 320 - 500 DC), a literatura Purânica desenvolveu-se na Índia, e muitos destes Puranas contêm extensos capítulos sobre o Shivaísmo - junto com os do Vaishnavismo, Shaktismo e Tradições Smarta. Os Puranas Shaivas mais importantes deste período incluem o Shiva Purana e o Linga Purana
        No início do século VII, o peregrino budista chinês Xuanzang (Huen Tsang) visitou a Índia e escreveu um livro de memórias em chinês que menciona o predomínio dos templos de Shiva em todo o subcontinente indiano. Entre os Séc. V e o XI DC, foram construídos os principais templos Shivaístas nas regiões central, sul e leste do subcontinente, incluindo os templos da caverna de Badami, Aihole, Cavernas de Elephanta, Ellora Caves (Kailasha, caverna), Khajuraho, Bhuvaneshwara, Chidambaram, Madurai, Conjeevaram. 
        Adi Shankara do Advaita Vedanta e Ramanuja do Vaishnavismo, mencionam várias seitas de Shaiva, particularmente os quatro grupos: Pashupatas, Lakulisha, Shaiva Tântrica e Kapalika. 

Shivaísmo no Sul da Índia 
Shiva Siddha
        O Shivaísmo era provavelmente a tradição predominante no sul da Índia, coexistindo com o budismo e o jainismo, antes que os Alvars Vaishnavas lançassem o movimento Bhakti no século VII, e que influentes estudiosos do Vedanta como Ramanuja desenvolvessem uma estrutura filosófica e organizacional que ajudou o Vaisnavismo a se expandir. Embora ambas as tradições do hinduísmo tenham raízes antigas, o Shivaísmo floresceu no sul da Índia muito antes do Vaishnavismo.
        Existem dezenas de milhares de templos hindus em que Shiva é a divindade principal ou reverentemente associado à forma antropomórfica ou anicônica (lingam ou svayambhu). Numerosos templos históricos do Shivaísmo sobreviveram em Tamil Nadu, Kerala, partes de Andhra Pradesh e Karnataka. Algumas regiões têm uma densidade maior de templos de Shiva, como na região de Thanjavur, em Tamil Nadu, onde numerosos templos Shivaístas foram construídos durante no império Chola, entre 800 e 1200 DC. Gudimallam é o mais antigo lingam conhecido e foi datado entre o Séc. III e I AC. É um lingam de pedra esculpido de cinco pés de altura com uma imagem antropomórfica de Shiva de um lado. Este lingam antigo está no distrito de Chittoor de Andhra Pradesh. 

Crenças e práticas

Shiva Linga
        O Shivaísmo abrange muitas sub-tradições cujas crenças e práticas teológicas variam significativamente, desde o teísmo devocional dualista à descoberta meditativa monista de Shiva dentro de si mesmo. Dentro de cada uma dessas teologias, existem dois subgrupos. Um sub-grupo é chamado de Védico-Purânico, que usa termos como "Shiva, Mahadeva, Maheshvara e outros" como sinônimos; também, servem-se de ícones como o Linga, Nandi, Trishula (tridente), bem como estátuas antropomórficas de Shiva nos templos para ajudar a focar suas práticas. 
        Estudiosos como Alexis Sanderson dividem o Shaivismo em três categorias: védica, purânica e não-purânica (esotérica, tântrica). Eles colocam a Védica e a Purânica juntos, dada a significativa sobreposição, enquanto colocam sub-tradições esotéricas não-Purânicas como uma categoria separada.
        Shivaísmo Védico-Purânico. A maioria dos Shivaístas seguem as tradições Védico-Purânicas. Eles reverenciam os Vedas, os Puranas e têm crenças que abrangem desde o estilo dualista: devoção a Shiva (Bhakti), até ao monista dedicado ao yoga e à meditação, às vezes com renúncia da vida social para se dedicar às atividades monásticas. A prática do Yoga é particularmente pronunciada no Shivaísmo não-dualista. Uma prática refinada cuja metodologia upaya quádrupla: ser sem caminho (anupaya, sem desejo), ser divino (sambhavopaya, jnana, repleto de conhecimento), ser energia (saktopaya, kriya, cheio de ação) e ser individual (anavopaya). 
        Shivaísmo não purânico (esotérico e tântrico). Estas são sub-tradições minoritárias esotéricas, nas quais os devotos são iniciados (dīkṣa) em um culto específico. Suas metas variam, indo da liberação na vida atual (mukti) até a busca de prazeres nos mundos superiores (bhukti). Seus meios também variam: de atimarga meditativo ou "caminho superior externo", até ao mantramarga, a recitação dirigida de mantras. As sub-tradições atimarga incluem Pâshupata e Lakula (Kālamukhas and Mahāvratas). De acordo com Sanderson, os pashupatas são os mais antigos, provavelmente a partir do séc. II DC, como evidenciado por textos hindus antigos, como o Shanti Parva do Épico Mahabharata. A sub-tradição tântrica nesta categoria é rastreável entre o séc VIII e pós séc. XI DC, dependendo da região do subcontinente indiano, em paralelo com o desenvolvimento das tradições budista e tantra jainista neste período. Entre estes estão as tradições dualistas Saiva Siddhanta e Bhairava Shaivas (não-Saiddhantika), baseados no saber que reconhecem da ortodoxia védica. Estas sub-tradições valorizam o sigilo, fórmulas simbólicas especiais, iniciação por um guru e a busca de siddhi (poderes especiais). Algumas dessas tradições também incluem ideias teístas, elaboram yantras geométricos (mandalas) com significado espiritual incorporando mantras e rituais.
Textos
        Ao longo de sua história, o Shivaísmo foi sendo recheado por numerosos textos, Vedas, Upanishads, Agamas e Bhasyas (comentários). Entre os comentadores notáveis e influentes do Shivaísmo teísta dvaita (dualista)  foram Sadyajoti do séc. VIII, Ramakantha do séc. X, e Bhojadeva no século XI. A teologia dualista foi desafiada por numerosos estudiosos do Shivaísmo advaita (não-dualista, monista) como Vasugupta do século VIII / IX, Abhinavagupta do século X e Kshemaraja do século XI, particularmente pelos estudiosos das escolas Pratyabhijna e Spanda do Shivaísmo do Kashmir.

Vedas e os principais Upanishads
        Os Vedas e os Upanishads são escrituras compartilhadas do hinduísmo, enquanto os Agamas são textos sagrados de sub-tradições específicas. A literatura védica remanescente pode ser rastreada ao londo do primeiro milênio AC, e os Agamas sobreviventes até no primeiro milênio DC. A literatura védica no Shivaísmo, é fundamental e geral, enquanto os Agamas são tratados especiais. Em termos de filosofia e preceitos espirituais, nenhum Agama que contrarie a literatura Védica, afirma Mariasusai Dhavamony, será aceitável para os Shaivas. De acordo com David Smith, "uma característica fundamental do Saiva Siddhanta do Tâmil, é uma afirmação de que sua fonte reside nos Vedas, bem como nos Agamas, chamados de Vedagamas". 
        No Śvetāśvatara Upanishad (400 - 200 AC), aparece a mais antiga citação de Shiva, apenas como epíteto (gentil, benigno, abençoado) de Rudra (uma divindade védica feroz, destrutiva e exterminadora).

Upanishads (menores) Shivaístas
        Pensadores do Shivaísmo criaram 14 Upanishads focados em Shiva, chamados Upanishads Shivaístas. São considerados parte dos 95 Upanishads menores do corpus dos Upanishads Muktikā, compostos no primeiro milênio AC, enquanto os últimos no final da era medieval. Os Upanishads Shivaístas apresentam várias funções, variando de temas dualistas com estilo bhakti a uma síntese de idéias advaitas (não-dualismo), do Yoga, e de temas Vaishnavas e Shaktas.

Agamas Shivaístas
        Os textos Agamas do Shaivismo são de fundamental importância para a teologia do Shivaísmo. Esses textos incluem cosmologia, epistemologia, doutrinas filosóficas, preceitos sobre meditação, quatro tipos de yoga, mantras, significados e manuais para os templos Shivaístas e outros elementos da prática. Estes textos canônicos existem em sânscrito e em idiomas do sul da Índia, como o tâmil.
Os Agamas apresentam uma gama diversificada de filosofias, que vão do dualismo teísta ao monismo absoluto. No Shaivismo, existem dez textos dualistas (dvaita), dezoito textos de monismo-com-dualismo (bhedabheda) e sessenta e quatro textos de monismo (advaita).
        Os textos Agama das escolas Shivaísta e Vaisnava têm como premissa a existência de Atman (alma, Self) e a existência de uma Realidade Última (Brahman, idêntico a Shiva). Os textos diferem na relação entre os dois (Atman e Shiva). Alguns afirmam que são distintos, enquanto outros afirmam uma Unidade entre os dois. Os Agamas do Shivaísmo da Caxemira postulam a unidade absoluta: Deus (Shiva) está dentro do homem, Deus está dentro de cada ser, Deus está presente em todos os lugares do mundo, incluindo todos os seres não-vivos, e não há diferença espiritual entre a vida, a matéria, o homem e Deus.
Tradições

Tradições
        O Shivaísmo desde antiguidade desenvolveu muitas sub-tradições que foram estudadas e classificadas em três grupos: dualismo teísta, monismo não-teísta e aquelas que combinam características ou práticas dos dois. Sanderson apresenta a classificação histórica encontrada em textos indianos: A Atimarga dos monges Shivaístas e a Mantramarga praticada pelos renunciantes (sannyasi) e pelos casados (grihastha). As sub-tradições Shivaístas não se concentravam apenas em Shiva, mas, também em outras divindades, como Devi (deusa) no Shaktismo: A tradição da deusa do hinduísmo está intimamente relacionada ao Shivaísmo. Em muitas regiões da Índia, não apenas as ideias do Shivaísmo influenciaram a evolução do Shaktismo, mas o próprio Shaivismo foi influenciado por ele e progressivamente assumiu a reverência pela Deusa (Devi) como um parceiro igual e essencial a (Shiva). Segundo Galvin Flood, a proximidade entre as tradições do Shaivismo e do Shaktismo é tal que essas tradições do hinduísmo são às vezes difíceis de separar.
Ascetas Shivaístas: Atimarga

        A via Atimarga do Shivaísmo enfatiza a libertação (Moksha) - ou o fim de todo o sofrimento (Dukkha) - como objetivo principal das buscas espirituais. Era o caminho para os ascetas Shivaístas, em contraste, os casados cujo caminho era o Mantramarga buscavam tanto a salvação quanto os poderes (yogi-siddhi) e prazeres da vida. A Atimarga reverenciava as fontes védicas do Shivaísmo, e às vezes se referia a textos indianos antigos como Raudra (de Rudra).

Pashupata Atimargi 
Sunnyasa
        Pāśupatas são sub-tradições Shivaístas com a mais antiga herança, como mostram os textos indianos datados do início da era comum. É uma tradição monista, que considera Shiva interno no indivíduo, em todos os seres e em tudo que é observado. O caminho Pashupata para a libertação é um ascetismo, tradicionalmente, restrito aos homens brâmanes. A teologia Pashupata, de acordo com o Shiva Sutras, aponta para um estado espiritual de consciência onde o iogue Pashupata "habita em sua própria natureza irrestrita", onde não necessidade de rituais externos, onde cada momento e toda ação se torna um voto interno, um ritual espiritual em si mesmo.
       O Shivaísmo Pashupata era um movimento devocional (bhakti) e ascético. Pashu em Pashupati refere-se ao efeito (ou mundo criado), a palavra designa aquilo que é dependente de algo ulterior. Enquanto Pati significa a causa (ou principium), a palavra designa o Senhor, que é a causa do universo, o pati ou o governante. A tradição visa realizar um estado unificado de ser com Shiva interno e em toda parte. Há extensa literatura, e um caminho quíntuplo de práticas espirituais que começam com práticas externas, evoluindo para práticas internas e, finalmente, para a meditação yoga, com o objetivo de superar todo sofrimento (Dukkha) e alcançar a liberação (Moksha).  
        A tradição atribuí a Lakulisha (séc. II DC) a autoria dos sutras Pashupata, texto fundamental desta tradição. Outros textos incluem os bhāshya (comentários) sobre os sutras de Pashupata por Kaudinya, Gaṇakārikā, Pañchārtha bhāshyadipikā e Rāśikara-bhāshya. O caminho monástico pashupatha acessível a qualquer pessoa, de qualquer idade, exigia renúncia dos quatro Ashrama (fases da vida) e adesão ao quinto estágio, Siddha-Ashrama. Este caminho começa com residência perto de um templo Shivaísta, meditando silenciosamente, após, o estágio em que o asceta deixa o templo e faz uma mutação karmica (ser amaldiçoado por outros, mas nunca amaldiçoar). Então passa para a terceira etapa, onde vive como um solitário em uma caverna ou lugar abandonado ou nas montanhas do Himalaia, e no final de sua vida ele se muda para um local de cremação, sobrevivendo com poucos recursos, esperando pacificamente por sua morte.
Os pashupatas foram particularmente admirados no Gujarat, Rajastão, Caxemira e Nepal, e em muitas partes do subcontinente indiano. No final da era medieval, os ascetas Pashupatas Shaiva entraram em extinção. 
Lakula Atimargi
        Esta segunda divisão da Atimarga se desenvolveu a partir dos pashupatas. Seu texto fundamental também foi o Pashupata Sutras. Diferia da Pashupata Atimargi, na medida em que se afastavam radicalmente dos ensinamentos védicos, não respeitavam nenhum costume védico ou social. Eles perambulavam quase nus, bebiam bebidas alcoólicas em público e usavam um crânio humano como sua tigela para comida. O asceta Lakula não aceitava nenhum ato nem palavras como proibido, ele livremente fazia o que queria, muito parecido com a representação clássica de sua divindade Rudra em textos hindus antigos. No entanto, de acordo com Alexis Sanderson, um asceta Lakula era estritamente celibatário e não se envolvia em sexo. Literaturas secundárias, como as escritas por Ksemaraja, sugerem que os Lakula tinham seus cânones teológicos, rituais e literatura sobre epistemologia (pramana). No entanto, acredita-se que seus textos primários estão perdidos.

Mantramarga: Shivaístas casados e renunciantes 
        Mantramārga, o caminho dos mantras, é uma tradição Shivaísta tanto para os casados quanto para os monges. Surgiu da tradição Atimarga. Essa tradição procurou não apenas a liberação do sofrimento (Dukkha), mas a obtenção de poderes especiais (siddhis) e prazeres (bhoga), também, desenvolveu uma grande diversidade de rituais, divindades, técnicas de yoga e mantras. A Mantramārga cresceu e se tornou a forma dominante do Shivaísmo neste período. 
        A tradição Mantramarga criou os Shaiva Agamas e o Tantra Shatra. Esta literatura apresentou novas formas de ritual, de yoga e de mantra. tornando-de altamente influente não apenas para o Shivaísmo, mas para todas as tradições do hinduísmo, assim como para o budismo e o jainismo. A Mantramarga tinha temas tanto teístas como monistas, que co-evoluíram e influenciaram uns aos outros. Os textos do tantra refletem isso, onde a coleção contém teologias dualistas e não dualísticas.          O teísmo nos textos do tantra é paralelo aos encontrados no Vaishnavismo e no Shaktismo. O Shaiva Siddhanta é a maior sub-tradição que enfatizou o dualismo durante grande parte de sua história. 
         O Shivaísmo contém fortes sub-tradições não-dualistas (advaita). Este monismo é próximo, mas difere um pouco do monismo encontrado no Advaita Vedanta de Adi Shankara. Ao contrário do Advaita de Shankara, as escolas monistas do Shivaísmo consideram Maya como Shakti, ou energia e poder primordial criativo que explica e impulsiona a diversidade existencial. Srikantha, influenciado por Ramanuja, formulou o Shaiva Vishishtadvaita. Nesta teologia, Atman (alma) não é idêntico a Brahman, mas compartilha com o Supremo todas as suas qualidades. Appayya Dikshita (1520-1592 DC), um estudioso do Advaita, propôs o monismo puro, e suas idéias influenciaram o Shivaísmo na região de Karnataka

Shivaísmo Kapalika
Kapalika
A tradição Kāpālika era uma forma não-Purânica do Shivaísmo. A palavra Kāpālika é derivada de kapāla que significa "crânio", e Kāpālikas significa "portadores de caveiras". Os Kāpālikas carregavam tradicionalmente um tridente encimado por uma caveira e um crânio vazio como tigela para esmolar. Outros atributos associados aos Kāpālikas eram que eles untavam seus corpos com cinzas do solo de cremação, reverenciavam a feroz forma Bhairava de Shiva, e praticavam rituais com sangue, carne, álcool e orgias sexuais. De acordo com David Lorenzen, há uma escassez de fontes originais sobre os Kapalikas, as informações históricas sobre eles estão disponíveis em obras de ficção e de outras tradições que os depreciam. Vários textos indianos afirmam que os Kāpālikas bebiam licores alcoólicos tanto para ritual como hábito. O peregrino chinês que visitou a Índia no séc. VII DC, Hsuan Tsang, em suas memórias, relatou a existência de homens vivendo como ascetas nus que se cobriam de cinzas e usavam coroas de ossos na cabeça, mas Hsuan Tsang não os chamou de Kapalikas ou qualquer nome particular. Os eruditos interpretaram esses ascetas variadamente como Digambara Jains, Pashupatas e Kapalikas.
 Os Kāpālikas eram mais de uma ordem monástica, afirma Lorenzen, e não uma seita com uma doutrina escrita. A tradição Kāpālika deu origem ao Kulamārga, uma categoria de Shaivismo tântrico que preserva algumas das características distintivas da tradição Kāpālika. Algumas das práticas dos Kāpālikas Shivaístas são encontradas no budismo Vajrayana.


Aghori
Aghori
Aghoris são devotos de Shiva no aspecto do terrivel Bhairavamonistas e buscam moksha para livrarem-se do ciclo de reencarnação ou saṃsāra. Essa liberdade é alcançada quando une sua alma (self) com o absoluto (Shiva). Por conta dessa doutrina monista, os Aghoris sustentam que todos os opostos são, em última instância, ilusórios. O propósito de abraçar a degradação e a impureza através de vários costumes é a realização da não-dualidade (advaita) ao transcender tabus sociais, alcançando o que é essencialmente um estado alterado de consciência e percebendo a natureza ilusória de todas as categorias convencionais.
        Encontramos pela primeira vez o uso do termo Aghora no Atharva Veda. Ele se opõe a Ghora, que se refere à dificuldade, que impede a felicidade (Ananda), que induz à ignorância (Avidya). A divindade (Prajapati) assume a forma do caminho (Aghora) que supera o obstáculo (Ghora). Aghora, portanto, designa um possível "caminho" para o homem, levando à divindade. Por extensão, designa os Aghoris como seguidores da estrada "sem barreiras". O Shiva              Purana, assim como o Linga Purana, descrevem "Aghora" como um dos cinco aspectos de Shiva. Este aspecto é revelado na cor preta, símbolo de extinção, e constitui a face sul do Lingam (Dakshinamurti). Alguns Aghoris, inclusive de cultos tântricos de Bengala assumem o manto preto, identificando-se com forma da sua divindade .
       A maioria dos especialistas tântricos concordam que o movimento Aghora vem de Kapalika, "o portador do crânio" uma seita tântrica originalmente da Caxemira, cujos seguidores, sadhus vestidos de preto, realizam seus ritos, alimentam-se e mendigam com uma tigela feita da parte superior do crânio humano (Kapal). Há também referências ao uso de crânios humanos no Budismo Vajrayana e no xamanismo, em geral. 
Shaiva Siddanta
        Śaivasiddhānta ("a doutrina estabelecida de Shiva") é a mais antiga sampradaya (linhagem, tradição) do Shivaísmo Tântrico, datada do quinto século. A tradição enfatiza a devoção amorosa a Shiva; Sendo uma filosofia dualista, seu objetivo é a união da alma individual com a alma universal, Shiva. Um texto filosófico chave desta sub-tradição foi composto por Meykandar (séc. XIII). Esta teologia apresenta três realidades universais: o pashu (alma individual), o pati (senhor, Shiva) e o paxá (escravidão da alma) através da ignorância, karma e maya.
        Esta tradição pode ter se originado na Caxemira, onde desenvolveu uma teologia sofisticada difundida pelos teólogos Sadyojoti, Bhatta Nārāyanakantha e seu filho Bhatta Rāmakantha (c. 950–1000 DC). No entanto, após a chegada dos muçulmanos ao norte da Índia, deslocou-se para o sul. onde se fundiu com o movimento Tamil Saiva expresso na poesia bhakti dos Nayanars. É neste contexto histórico que o Shaiva Siddhanta é comumente considerado uma tradição "sulista". O compêndio tâmil de canções devocionais conhecido como Tirumurai, e "Meykanda" ou "Siddhanta" Shastras, formam o cânon das suas escrituras em Tamil, também reconheceu a autoridade dos Vedas e dos Shaiva Agamas.
        Ao contrário da tradição Atimarga e outras sub-tradições do Mantramarga, afirma Sanderson, a Shaiva Siddhanta não tinha oferendas rituais ou consumo de "bebidas alcoólicas, nem carne". Suas práticas eram focadas em ideias espirituais abstratas, com culto e amorosa devoção a Shiva como Sadashiva.
Nayanars
        Por volta do século VII, os nayanars, uma tradição de santos poetas na tradição bhakti, desenvolveu-se no sul da Índia com foco em Shiva, comparável ao dos alvars vaishnavas. Os poemas devocionais dos Nayanars são divididos em onze coleções, conhecidas como "Thirumurai", juntamente com um Purana Tamil chamado "Perilya puranam". As primeiras sete coleções são conhecidas como Thevaram e são consideradas equivalentes aos Vedas. Eles foram compostos no século VII por Sambandar, Appar e SundararTirumular, o autor do Tirumantiram é considerado por Tattwananda como o mais antigo expoente do Shivaísmo do sul (séc. VII ou VIII). O Tirumantiram é uma fonte primária para o sistema Shaiva Siddhanta, sendo o décimo livro do seu cânon. 
Diksha 
        Nas tradições tântricas o papel do guru é crucial: ele é muito mais do que um pai espiritual, é o único que pode colocar o discípulo (sisya) em contato com 'Absoluto'. As várias iniciações são vistas como passos para a libertação, fases de uma catarse progressiva. "A ideia básica e a estrutura do diksha são sempre as mesmas: é, mais uma vez, matar o homem velho (desconexo), dar espaço, através de uma série de rituais, a um novo homem". (André Padoux)
        O elemento principal do Shivaísmo Tântrico é a prática do "diksha", uma iniciação cerimonial na qual mantras são revelados ao iniciado por um Guruque consagra o discípulo como o próprio guru sucessor, que é capaz de passar aos discípulos a tradição e transmitir as necessárias diksas a outros discípulos. Então, do mestre ao discípulo-mestre (paramparā, lit.: "Um após o outro"), a tradição é transmitida (saṃpradāya)
    Shaktipat refere-se no hinduísmo à concessão de "energia" espiritual a uma pessoa por outra; pode ser transmitido com uma palavra sagrada ou mantra, ou por um olhar, pensamento ou toque - o último geralmente para o ajna chakra ou terceiro olho do receptor. É considerado um ato de graça (anugraha) da parte do guru ou do divino. Não pode ser imposto pela força, nem o receptor pode fazer isso acontecer. A suprema consciência ou a própria do guru 'entra' no Ser do discípulo, constituindo uma iniciação da escola ou da família espiritual (kula) do guru. Sustenta-se que Shaktipat pode ser transmitido pessoalmente ou à distância, através de um objeto, como uma flor ou fruta. 
Shivaísmo da Cashemira (Trika)
        O Shivaísmo da Caxemira é uma tradição importante dentro do Shivaísmo que surgiu na Caxemira e prosperou do séc VIII ao XII DC, antes que a região fosse dominada pelos muçulmanos. Então, as tradições do Shivaísmo da Caxemira tornaram-se quase extintas, exceto pela preservação dos eruditos da Caxemira.
        Essa escola também chamada de Pratyabhijna é uma evolução das escolas do Shivaísmo. Sua metafísica é uma forma de idealismo absoluto (idealismo/monismo) pois considera Cit (consciência) uma realidade única: a matéria não está separada de consciência, mas sim é idêntica a ela; que não existe um abismo entre Deus e o mundo; o mundo não é uma ilusão. O Shivaísmo da Caxemira sofreu avanços significativos, filosóficos e teológicos, até o final Século XII DC. promovendo uma relevante síntese dos sistemas filosóficos Hindus, Nyaya, Sankhya e Vedanta. 
        Uma característica notável do Shivaísmo da Caxemira foi a sua abertura e integração de ideias do Shaktismo, do Vaishnavismo e do Budismo Vajrayana. Por exemplo, uma sub-tradição do Shivaísmo da Caxemira adota a adoração à Deusa afirmando que o culto a Shiva é realizado através da deusa Shakti. Esta tradição combinou idéias monísticas com práticas tântricas. Outra forma desta escola é a Tradição Trika, ou tríades modais de Shakti: Para (suprema), Parapara (Suprema-não suprema), apara (Não suprema). Como o Śhivaísmo da Caxemira se associa aos Tantras hindus, também, adota o símbolo Shri Yantra
Nath 
        Nath: uma subtradição Shaiva que emergiu de uma tradição Siddha muito mais antiga baseada no Yoga. Os Nath consideram Shiva como "Adinatha" ou o primeiro guru, é um movimento modesto, mas notável e influente na Índia, cujos devotos eram chamados de "Yogi ou Jogi", devido a seus modos monásticos não convencionais e ênfase no Yoga. 
        A teologia Nath integrou as filosofias das tradições do Advaita Vedanta e do budismo. Seus modos não convencionais desafiavam todas as premissas ortodoxas, explorando práticas obscuras e evitadas da sociedade como meio de entender a teologia e obter poderes internos. A tradição se remete a Matsyendranath, do século IX ou X, e às idéias e organização desenvolvidas por Gorakshanath. Combinaram ambas as práticas teístas, como adorar deusas e seus gurus históricos nos templos, assim como metas monistas de alcançar a liberação enquanto vivo (jivan-mukti), alcançando (siddha) o estado perfeito de perceber unidade de si e tudo com Shiva. Formaram organizações monásticas, e alguns deles transformaram-se em ascetas guerreiros para resistir à perseguição durante o domínio islâmico do subcontinente indiano.
Lingayatism 
        Lingayatism, também é conhecido como Vira Shivaísmo, é uma tradição religiosa Shivaísta distinta na Índia. Foi fundada pelo filósofo e estadista do século XII, BasavaO lingayatismo enfatiza o monismo qualificado e bhakti (devoção amorosa) a Shiva, com fundamentos filosóficos semelhantes aos do filósofo do sul da Índia do século XI-XII, Ramanuja. Sua adoração é notável pela forma iconográfica de Ishtalinga, que os devotos usam. Grandes comunidades de Lingayats são encontradas no estado de Karnataka, no sul da Índia, e em regiões próximas. Lingayatism tem sua própria literatura teológica com sofisticadas sub-tradições teóricas. 
        Eles foram influentes no Império Vijayanagara, que reverteu os ganhos territoriais dos governantes muçulmanos, após as invasões da região de Deccan, primeiro pelo Sultanato de Déli e depois por outros Sultanatos. Os Lingayats adotaram a escritura Basava Purana que foi completada em 1369 durante governo de Bukka Raya I do Império Vijayanagara. Os pensadores Lingayat (Veerashaiva) rejeitaram as interpretações dos Brahmanes sobre os Vedas e os shastras, mas não rejeitaram o conhecimento védico. O poeta Telugu Virashaiva do século XIII Palkuriki Somanatha, o autor da escritura do Lingayatismo, afirmou: "O Virashaivismo está totalmente em conformidade com os Vedas e os shastras". 
Relacionamento com o Yoga
        Yoga e meditação fazem parte integrante do Shivaísmo que, também, incentiva inovações e aperfeiçoamentos em suas técnicas como as desenvolvidas pelo Hatha Yoga. Os grandes templos (mandir) e centros de peregrinação (tritha) apresentam grandes estátuas de Shiva em posição de lótus meditando, como nos textos Shivaístas. 
        No Shivaísmo da Caxemira, aquele que procura o auto-conhecimento e o crescimento espiritual é chamado de Yogi. De acordo com Mark Dyczkowski, yoga - (que literalmente significa 'união' ) - nesta tradição significa a "realização de nossa verdadeira natureza inata que é infinitamente maior do que podem conceber nossos pensamentos", e que o objetivo do yoga é ser " Livre, eterno, feliz, perfeito, e espiritualmente superconsciente " ser absoluto. 
       Muitas tradições Shivaístas, que enfatizam o Yoga, surgiram durante a Índia medieval. Os métodos do ioga foram aperfeiçoados como a introdução de técnicas como as do Hatha Yoga. Um desses movimentos foi o Nath Yogis, uma sub-tradição do Shivaísmo que integrava a filosofia das tradições do Advaita Vedanta e do budismo.

Cultos e rituais em Templos Shaivas
Shiva Manasa Puja
        Existem inúmeros templos e santuários shivaístas em toda a Índia. Esses templos geralmente consagram um lingam posto no interior do complexo do templo, dentro do sanctum sanctorum (Garbhagriha). Muitos santuários Shivaístas são ornados com imagens e ícones dedicados a Shiva, incluindo Ganesha, Skandha e sua Shakti. Shiva e Parvati são frequentemente retratados juntos em imagens devocionais como Ardhanarishvara, "o Senhor cuja metade é mulher" - uma divindade andrógena, que é metade Shiva e metade Parvati.
        Shivacharyas ("sacerdotes de Shiva") realizam os cultos de adoração a Shiva. O serviço habitual prossegue com a unção da imagem da deidade com óleo, água, leite, manteiga, mel, coalhada, pasta de sândalo e um número de outras substâncias antes de ser banhada de flores. O ídolo é então adornado com jóias e guirlandas de flores. O incenso é queimado e, em seguida, é feita uma oferta de comida, geralmente de uma preparação de arroz. Lâmpadas de vários desenhos são iluminadas e apresentadas à imagem da divindade. Cânfora em chamas é então levada para a congregação. Os adoradores reverentemente colocam as palmas das mãos sobre a chama antes de colocá-los sobre os olhos; alguns dizem que esse gesto significa que a devoção é tão preciosa para o adorador quanto a sua própria visão. Finalmente, as cinzas sagradas e o kungumam (açafrão em pó misturado com cal apagada) são distribuídos nas palmas elevadas dos adoradores, que tocam essa mistura em suas testas. Os adoradores então progridem ao longo do caminho da circunvolução ao redor da divindade pelo menos uma vez antes de prostrar-se em oração no sanctum sanctorum, cantando e recitando versos dos textos sagrados. Esses serviços são realizados diariamente, com até seis por dia, dependendo dos recursos e da popularidade do templo.
Festivais
        Maha Shivaratri, a noite do senhor Shiva, cai no décimo quarto dia da lua minguante no mês de Falgun (entre fevereiro e março) é considerado o festival mais importante dedicado a Shiva. Neste dia, os Templos Shivaístas são requintadamente decorados, com grupos de devotos alinhados para oferecer reverências ao Senhor Shiva. Em homenagem à atitude indiferente e impassível de Shiva em relação ao mundo fenomenal, nesta ocasião os devotos (geralmente homens) consomem uma bebida chamada Thandai feita a partir de cannabis, amêndoas e leite. Esta bebida é consumida como prasad enquanto se canta hinos devocionais e dançam ao ritmo dos tambores. Shivaratri é especialmente popular no Nepal, particularmente no Templo Shivaíta de Pashupatinath em Kathmandu, que acolhe mais de 100.000 fiéis durante este festival. Muitos participantes das celebrações do Shivaratri em todo o Nepal fumam, neste dia, maconha desde que a substância foi legalizada 'temporariamente' no país.
        Shiva também é o tema de eventos menores, mais especificamente regionais, Um exemplo é a festa do Pooram, que é realizada nos templos Shivaístas localizados em Trichur, Kerala, durante abril ou início de maio. Em uma grande procissão, os elefantes são conduzidos pelas ruas em formação de batalha, um espetáculo que atrai milhões de espectadores. Do amanhecer ao anoitecer, os músicos tocam tambores, batem címbalos e tocam cornetas durante este festival.
Templos e peregrinação
        Os Shaiva Puranas, os Agamas e as literaturas regionais se referem aos templos por vários termos, tais como Mandir, Shivayatana, Shivalaya, etc.
        Muitos dos locais de peregrinação relacionados a Shiva, como Varanasi, Amarnath, Kedarnath, Somnath e outros, são amplamente considerados sagrados no hinduísmo. Eles são chamados kṣétra. Um kṣétra tem muitos templos, incluindo um principal ou mais. Esses templos e sua localização atraem peregrinação chamada tirtha-yatra. Muitas das publicações históricas dos Puranas incorporam guias turísticos aos centros de peregrinação e templos relacionados ao Shaivismo. Por exemplo, o Skanda Purana contém Tirtha Mahatmyas (guias de viagem de peregrinação) a numerosos pontos geográficos, mas também inclui um capítulo afirmando que templo e tirtha são, em última análise, um estado mental e vida cotidiana virtuosa. Os primeiros poetas do movimento Shivaísta Bhakti compunham poemas sobre peregrinação a templos, usando esses locais como metáforas para a jornada espiritual interna.
        Os principais rios do subcontinente indiano e sua confluência (sangam), fontes naturais, origem do rio Ganges (e pancha-ganga), juntamente com altas montanhas, como Kailasha, com o lago Mansovar, são locais particularmente reverenciados no Shaivismo. Doze sites jyotirlinga em toda a Índia foram locais de peregrinação particularmente importantes no Shaivismo: Somanatha, Malikarjuna, Mahakal, Parmeshvara, Kedarnatha, Bhimshankara, Visheshvara, Trayambakesvara, Vaidianatha, Nagesha, Rameshvara e Ghrishnesha. 
        Kashi (Varanasi) é considerada como particularmente especial em numerosos textos Shivaístas e Upanishads, bem como nos pan-Hindu Sannyasa Upanishads, como o Jabala Upanishad.
        









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